terça-feira, 19 de janeiro de 2010

EDITORIAL DO LIVRO SIMPLESMENTE JOSE E ISAURA


VEJO O QUE ESCREVO ! ESCREVO O QUE VEJO !

As palavras escritas jamais se dissolvem e jamais desaparecem ao léu, enquanto que as palavras proferidas se perdem ao sabor do vento e do tempo, e com a ação inexorável do tempo vão sumindo de nossa lembrança.
Gostaríamos por isso, de deixar registradas nesta modesta obra, palavras que pudessem perpetuar e sintetizar a vida de um casal e suas respectivas famílias pelo muito que representaram aqui neste nosso mundo terreno.
Hoje, neste ritmo de vida que todos vivem, seja pela necessidade da sobrevivência, pela luta do trabalho, pelo avançar impressionante da tecnologia, somos tomados de um sentimento de onipotência, esquecemo-nos de nossa finitude e como crianças ávidas tudo queremos ter e alcançar. Deixamos freqüentes vezes, passar em branco, muita coisa simples, mas de uma capital importância, que é a convivência familiar, o relacionamento mais estreito com pais, irmãos, familiares, amigos, o passeio descontraído com pais e filhos, etc...
Como quando disse Jesus Cristo no seu calvário, ”TUDO ESTÁ CONSUMADO”, sentimos que aqui também quando tudo está consumado (a morte de nossos pais), sentimos a necessidade de nos reavaliarmos, pois comumente, este estranho sentimento de perda, de vazio, faz aflorar desconhecidas emoções em nossos corações. Percebemos o quanto somos frágeis e quão efêmera é a vida. Sem sabermos precisar se por fraqueza ou por erros, mesmo involuntariamente cometidos, não correspondemos àquilo que esperavam de nós e fica um sentimento estranho, um sentimento de perda, de vazio, e que faz aflorar tantas coisas em nossos corações.
Percebemos o quanto somos frágeis e que não nos damos conta do que é a vida terrena. E ai, além desses sentimentos, não sabemos se por causa de nossa fraqueza, sentimos um outro sentimento que é talvez o remorso, o da consciência pesada, por alguma falha que cometemos, mesmo involuntariamente. E ai nos questionamos: por que fiz isso ? Por que não fiz aquilo? Por que deixei para amanhã o que deveria ter feito hoje? Porque falei aquilo?? Porque não falei aquilo outro? Porque.... Porque....
E ai, não tem retorno. A vida não retrocede. E ai precisamos ter nestas horas, equilíbrio mental e emocional para entender, ou pelo menos procurar entender, para analisarmos tudo que nos acontece e que nos aconteceu, seja na infância, na adolescência ou na maturidade, e procurar entender para aceitar as nossos limitações e imperfeições, e principalmente as limitações de nossos pais, cuja realidade cultural e financeira era outra bem diferente da que vivemos hoje.
A Vera Lucia, em sua sabedoria, logo após a morte de nossa mãe, ao analisar a situação que estávamos vivendo, refletiu: “ Somos filhos daquelas crianças. Temos de crescer também superando o que ficou de inibidor, até aniquilador, daqueles tempos e daquelas experiências. Podemos desabrochar melhor com o adubo do afeto, do bom humor e do respeito, ou definhar no veneno da excessiva exigência, ou da aridez.” (18/9/07)
Ao percebermos, que não somos eternos, que não somos donos de nossos destinos e de nossas vontades, que somos imperfeitos, nos damos conta do que somos. Ao reavaliarmos a necessidade de cultuarmos um pouco mais a vida espiritual, percebemos a necessidade que temos de olharmos com mais atenção para os nossos sentimentos de amor, de ternura, de simplicidade, de entrega ao nosso próximo, de perdão, de tolerância, especialmente de entrega à nossa família.
Fica o consolo pelo menos de que nunca agimos com má fé, que tentamos fazer o melhor possível, aceitando o que a vida nos reservou, com o legado maior que nossos pais nos deixaram: honestidade.
Quando tudo se consumou, ao recebermos tantos abraços de solidariedade, ao vermos tantas homenagens de nossas autoridades, dos clubes que fizeram parte de nossas vidas, tantas mensagens, ficamos com a certeza de que JOSE ZAPOLLA e ISAURA REBECCHI ZAPOLLA representaram alguma coisa em nossa comunidade, que valoriza também a nossa própria existência, que valoriza todos nós que somos oriundos dessa união que um dia aconteceu em 1.939.
Afinal de contas, a história de Brodowski, fundada em 22 de agosto de 1.913, confunde-se com a história de José Zapolla, nascido no dia 30 de janeiro de 1.914. Uma não pode ser contada sem a outra. Podemos dizer que José Zapolla personificou Brodowski como muitos poucos.
E que tudo que eles viveram, os exemplos deixados através de seus trabalhos simples, na honestidade, na sua maneira de criar uma FAMÍLIA, que felizmente foi e é uma verdadeira FAMÍLIA, é que sentimos essa necessidade de eternizar estas vidas.
Afinal, “qual seu conceito de família”? perguntou-me a irmã Vera Lucia (18/09/2007). Citando Liya Luft ela mesmo respondeu: “Repito que é aquele grupo de pessoas – às vezes uma pessoa só – das quais eu sei que, mesmo se em dado momento não me entendem ou aprovam, ainda assim, me amam e me respeitam.” E ela completou: “Muitos sentimentos e emoções afloram com as grandes perdas. Sejam os momentos difíceis, oportunidades de reflexão.”
E por isso, estamos aqui refletindo.
A vida e o tempo são inexoráveis. As gerações passam, as prioridades de cada um mudam; tudo pode então cair no esquecimento. Daí a necessidade de perpetuar o que hoje vivemos, que hoje pensamos, que hoje recebemos, em palavras escritas para que o vento e o tempo não as levem para o esquecimento quando o hoje já for passado. E se queremos ter o nosso futuro, devemos saber valorizar neste presente aquilo que o passado nos mostra que vale a pena ser eternizado, aquilo que tem a necessidade de não ser esquecido.
Os bons exemplos deixados por pessoas, simples, mas honestas, integras, decentes, respeitosas e respeitadas, devem sempre ser lembrados para que as futuras gerações possam ter em quem se espelhar e saberem que vale a pena assim proceder.
Afinal de contas, a realidade de hoje é bastante cruel e implacável. A tendência ao crescimento do individualismo, deste jogo de interesse, do querer e poder só para si, da ganância, da desvalorização da decência, da retidão de caráter, da honestidade, é muito acentuado. Todos pensam em si, todos agem para defender os seus próprios interesses. E assim, a humanidade vai se degradando. No entanto, é preciso que pessoas de bem mostrem que acima desse egocentrismo, que acaba com famílias, com relacionamentos, está o verdadeiro sentido da vida cristã, familiar.
Fica aqui o nosso agradecimento para JOSE e ISAURA que nos mostraram tudo isso. Fica aqui o nosso pedido de desculpas se alguma vez não fomos dignos de sermos seus filhos, de não os termos entendido em suas simplicidades, de não termos sabido valorizar o que recebemos.
A nossa faculdade de conceber e entender as coisas, a nossa inteligência, o nosso poder intelectual e espiritual é que dão disposição para idealizarmos algo e estendem sua ação para que possamos fazê-lo.
Somos dotados de falhas e limitações, mas também de uma imensa capacidade de aprender nesta escola da vida. Com o amadurecimento vem a compreensão, e com ela a busca do equilíbrio entre sentimentos e limites para que não ocorram exigências impossíveis e perfeccionistas demais.
A grande fórmula para um verdadeiro entrosamento familiar e pessoal, e acredito que tentamos colocá-la em pratica, e que me mostrou quem é e do que é dotada, está numa frase da querida baixinha Áurea, que em uma de suas mensagens, logo após a morte de nossa mãe, me disse: “Douglas, eu amo você! E amo todos da família, não importa se tenhamos defeitos. Não quero saber de nenhum. Beijos. ”
Ao final o que importa é ter vontade, é ter interesse em escrever uma história digna da página da vida.
Dedico este registro aos meus irmãos, cunhados, sobrinhos, todos os membros de nossa família, em especial à minha Esposa Tarcilia, que ao longo destes 33 anos de casamento, tem sido um esteio enorme na minha vida e que junto com todos os seus, mostram o que é ser uma FAMÍLIA. Conheçam a família PEREIRA DOS SANTOS e saberão entender o que é ser FAMÍLIA.
Dedico também este registro à Ana Clara Diniz da Costa, natural de Pirassununga-SP, que se tornou campineira na sua profisssão, e brodowskiana na amizade, sendo por nós considerada parte de nossa família.
Finalmente, só posso agradecer a Deus, o nosso Grande Arquiteto do Universo, por ter permitido que tenhamos nascido de JOSE e ISAURA, de termos recebido tanto, mesmo que não tenhamos em algum momento percebido a grandeza daquilo que estávamos recebendo.
Se todos os filhos podem hoje ser considerados vencedores, tanto na vida profissional, como na familiar, devem muito, ou quase tudo, à formação que receberam de seus pais.
Fica também a nossa eterna saudade e como disse, a certeza de que estas palavras escritas jamais sairão de nossas mentes. Serão sempre um lenitivo, uma motivação para continuarmos, enquanto Deus permitir, seguindo tudo aquilo que nossos pais nos ensinaram. Estaremos fazendo o possível para que os nossos amigos, irmãos, familiares, os nossos semelhantes, tenham no que se espelharem para ter uma VIDA DIGNA e poderem dizer que no presente que está sendo valorizado hoje, iremos ter orgulho do nosso passado porque estamos construindo o nosso futuro em bases sólidas.
E que será maravilhoso quando nos encontrarmos, e constituirmos novamente, no plano espiritual, a mesma GRANDE FAMÍLIA que formamos no plano material.

Obrigado, JOSÉ ZAPOLLA,
Obrigado, ISAURA REBECCHI ZAPOLLA.

ANTONIO DOUGLAS ZAPOLLA
Outubro- Novembro / 2007

Um comentário:

  1. Bela homenagem que vc fez a seus pais, Companheiro. Quando se recebe amor e compreensão na infância, quando se admira e respeita os adultos em quem nos espelhamos para crescer, quando absorvemos os valores que eles nos ensinaram, através de palavras, gestos e atos, a perda se parece que se torna maior e vc resgatou esta perda tornando-os imortais em seu livro.
    Grande abraço, extensivo a toda a família de José e Isaura.
    Companheira Rosinha Menezes

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